O desejo de Luiza
O desejo de Luiza
Autor: Beto Rocha
Luisa era uma menina que só tinha 12 anos, mas já sonhava sonho de gente grande: o de vencer na vida, nos estudos, ter um bom emprego, enfim... ser muito feliz.
Ela vivia em uma pequena casa, onde morava junto com o pai. Mas algo lhe faltava. Existia uma profunda tristeza em seu olhar. O que seria então? Era uma coisa que todo mundo queria saber. De vez em quando alguém pegava Luisa chorando! O que teria acontecido com Luisa? Tempos depois fiquei sabendo que a tristeza de Luisa era porque sua mãe havia falecido em um acidente de carro. Então ela pedia muito a Deus pra ver sua mãe novamente, nem que fosse pela última vez.
Era noite quando Luisa foi para cama, não demorou muito e começou a dormir como um anjo. Dormiu bem a noite inteira, quando, de repente, o celular toca e avisa, são 06h30min “da manhã”.
- Hora de levantar, Luisa! Fala seu pai.
Ela levanta e diz:
- A benção, pai!
Seu pai responde:
- Deus te abençoe, minha filha!
Luisa levanta e vai escovar os dentes, depois senta na cadeira para tomar café. Agradece a Deus por mais um dia e pelo alimento que está na mesa. Toma o café da manhã, se arruma, espera as colegas passarem e sai para mais um dia de aula.
Mas dizia no seu coração: “Hoje o meu dia vai ser um dia diferente!”
No início parecia um dia normal, ou seja, mais um dia de rotina no cotidiano dela. Luiza fala consigo mesma: “O meu dia tem que ser um dia diferente!” Repetia isso várias vezes! Porém, nada acontecia. Chega a hora do lanche! Fica passeando com as colegas para lá e para cá. Aproxima-se um menino, daqueles bem chatos:
-Luisa me dá uma chance, vai! Ela, nem dá bola, pois isso era comum no seu dia-a-dia. Mas não se conformava, porque transcorria um dia normal, como outro qualquer. Tinha que ser diferente para ela, e nada acontecia de novidade. Até a dor da saudade era a mesma. A sirene toca, são 11h45min, hora de ir embora. Saiu caminhando com as colegas de volta para casa um pouco triste, porque seu dia não foi diferente. Chega em casa, guarda a mochila, tira a roupa e vai tomar banho para almoçar. Quando Luisa se aproxima da mesa e tem uma grata surpresa, viu três pessoas sentadas, sua mãe, seu pai e ela. Não acreditou no que viu, olhou para o seu pai para contar a ele e quando voltou o olhar onde viu sua mãe, ela não estava mais lá. E achou que poderia ser a dor da saudade, por isso o motivo da visão. Seu olhar ficou melancólico, pois doía tanto que era como uma espada afiada, que atravessada no peito cortava toda a alma e medula, parecia uma doença incurável, que os médicos teriam lhe dado à sentença de morte, de tanto sofrimento. Seu pai percebeu alguma coisa, viu Luisa indiferente e perguntou:
- É saudade de sua mãe, minha filha?
Disse Luisa:
- Sim, papai, é.
- Deus a levou para junto d’Ele, nunca esqueça dos conselhos que ela lhe dava. Dessa forma, ela estará sempre em sua mente e no seu coração.
Mas Luisa sentia que teria ainda um dia diferente. Chega a noite, janta e vai assistir um pouco de televisão. As horas se passam cada vez mais depressa.
- Hora de dormir! -diz o seu pai.
Luisa vai para a cama. Senta para orar e agradecer a Deus pelo dia. Quando deita, sua mãe aparece sentada na beira da cama. Luisa, sem nada entender, ainda atônita fala:
- Mãe, a senhora voltou! Pedi tanto a Deus que a senhora voltasse que Ele resolveu me atender.
Abraçam-se e Luisa chora tanto nos braços de sua mãe, que lava seus cabelos com o seu pranto, da imensa saudade que sentia.
Sua mãe, no entanto, apareceu realmente bem diferente. Num vestido branco e longo, banhado do mais fino ouro de tão bonito que era. Seus cabelos, claros como o raiar de um novo dia, longos como as palhas de uma palmeira, trazia alguns nomes em forma de mensagens em cada uma das pontas, como se fosse algum significado ou aviso. Um semblante calmo e sereno, um pouco transparente, assim como um anjo de Deus, ou aqueles que a gente vê em um daqueles filmes de TV, talvez até aquele que a gente sonhou um dia. Em volta do quarto, uma luz muito forte que encandeava a vista de quem estivesse próximo dali, por brilhar muito.
Ela começou a falar com uma voz branda e paciente:
- Luisa, minha filha querida, eu vim lhe ver pela última vez, estava com muitas saudades suas! Vim dizer que nunca esqueça os meus conselhos, estou muito feliz por você continuar seus estudos, você tem sido uma ótima filha para o seu pai, tem se desviado do mal, sei que tenho permanecido em seus pensamentos, o que falei um dia a você, sei que ainda reflete nas suas mais claras lembranças, desde quando você era ainda uma pequena criança, até os dias de hoje, pratique a bondade, a caridade, o amor. Assim você estará plantando boas sementes no céu. No devido tempo, Deus dará seu crescimento e frutos com abundância. Realize todos os seus sonhos, minha filha! Desejo a você toda felicidade do mundo! Este é o meu último...
Sua mãe nem terminou de falar, quando o despertador toca e avisa: são 06h30min da manhã. Luisa levanta-se para mais um dia de aula.
Ficam agora as perguntas: foi a saudade, vontade de ver sua mãe, visão, sonho ou finalmente o amor, que transcende a qualquer entendimento, e vai em busca de ultrapassar as barreiras do pensamento entre o imaginário humano e transporta-se até o psíquico, que envolve a mente e o coração, e não se sabe mais o que é realidade, fantasia, desejo próprio ou delírios, que fez com que a mãe de Luisa aparecesse a ela?